quinta-feira, 7 de julho de 2011

#Please Don't Go - Capitulo I


Era vinte e quatro de dezembro, a cidade estava totalmente iluminada, véspera de natal e logo ali há alguns dias o ano novo, a data do recomeço.
Jonas estava para em frente à janela do segundo andar, um cigarro entre os dedos e na outra mão uma xícara de café. Janine sua prima estava em na sua casa assim como outros parentes comemorando o natal. Tudo parecia tranqüilo e que nada abalaria aquela paz, mas Jonas estava disposto naquela noite a contar toda a verdade a seus pais.
Jonas desceu as escadas lentamente, no seu rosto não havia nenhum sinal de felicidade, nem mesmo o ambiente o contagiava, a única coisa que pensava era na reação de seus pais que com certeza seria negativa. Procurou com os olhos onde estava Janine e se sentou ao lado dela, trocaram alguns olhares e a prima logo entendeu o que estava acontecendo.
- já estamos com tudo pronto para a viagem – falou Vânia a mãe de Jonas enquanto colocava uma colher generosa de arroz na boca – dia vinte e seis partimos para praia e ficaremos lá até depois do carnaval.
- nós também vamos, Felipe já adiantou todos os assuntos da metalúrgica e assim que tudo estiver concluído também vamos.
- ficaremos todos juntos, a família sempre deve estar unida – falou Evandro provocando em seu filho repulsa.
Para Jonas aquela felicidade era uma mentira, seus pais e tios eram preconceituosos e fúteis. Era filho único e vivia sempre dentro daquela casa trancado, a única pessoa que conseguia ter contato era sua prima que também era sua melhor amiga. Sempre foi assim, estudou nos melhores colégios mais nunca se envolveu de verdade com alguém, considerava seus colegas mesquinhos e fúteis, que davam valor a coisas insiguinificantes e viviam se vangloriando dos presentes caros que seus pais traziam do exterior. Janine ia à casa do primo sempre que podia e os dois passavam a tarde trancados no quarto conversando sobre vários assuntos e um deles era sempre o mesmo, a vontade de fugir que Jonas tinha. Janine até que tentava tirar isso da cabeça dele mais era difícil e quando isso acontecia os dois acabavam brigando.
Já passava da meia noite quando todos tinham ido embora, Jonas se preparava pra falar com os pais e eles se preparavam para dormir sem saber o que os esperava.
- Pai, mãe. Preciso falar com vocês, é algo que não posso mais esperar – falou Jonas segurando as mãos de tão nervoso que estava.
- pode falar meu filho, estamos escutando – falou Vânia enquanto folheava uma revista de fofocas.
- seja rápido, já é tarde e tenho alguns assuntos pra resolver amanha cedo na construtora. – completou Evandro.
- o que preciso falar pra vocês é simples e rápido, não vou tomar muito tempo. O que eu queria falar é que sou gay.
O silencio profundo tomou conta do ambiente. Vânia e Evandro trocavam olhares de espanto e desespero. Evandro se remexeu na cama e deitou a cabeça no travesseiro levando aquele comentário como uma brincadeira.
- nós não temos tempo para suas brincadeiras Jonas, vá para o seu quarto e durma, amanhã procure algo de útil para ocupar seu tempo.
- Eu não estou brincando, o que falo é sério e não podia mais esconder isso de vocês.
- eu sinceramente espero que isso seja só uma brincadeira sua meu filho. Não quero nem imaginar que vergonha seria para a nossa família ter um membro gay. – falou Vânia angustiada esperando que o filho acabasse com aquela brincadeira.
- pois não estou brincando mãe, o que falo é serio, e façam o que quiser mais eu não vou mudar isso.
- cale essa boca seu infeliz – gritou Evandro dando-lhe um sonoro tapa na cara. – você nos fala isso e acha o que? Que vamos passar a mão em sua cabeça e desejar boa sorte? Está enganado. Amanha mesmo o levarei a um psicólogo e você vai tomar jeito.
- Não pai, eu não vou a lugar algum, sei muito bem quem sou e sei também que não estou doente, se alguém aqui precisa de um psicólogo, esse alguém são vocês.
- levante-se agora, pegue suas coisa e suma dessa casa – falou Evandro erguendo o filho pelos braços e arrastando-o até seu quarto.
- Não precisamos fazer isso meu filho, você pode esquecer o que disse e viveremos nossa vida normalmente, o ano novo está chegando, não faça isso com nossa família. – falava Vânia aos prantos.
- Não mãe, se é isso que vocês querem. Tudo bem pra mim, mas escutem uma coisa que eu vou dizer: mais cedo ou mais tarde vocês vão se arrependerão do que estão falando.
Jonas virou as costas e foi para o quarto arrumar algumas roupas. Na saída Vânia ainda tentou impedir o filho.
- Não faça isso meu filho. Por favor, pense na besteira que você está fazendo.
- não mãe. Pensem vocês na besteira que estão fazendo. Não se preocupe, eu manterei contato.
Jonas colocou a mochila nas costas e logo ganhou a rua deixando para trás sua mãe chorando e seu pai nervoso.

Proximo Capitulo 10/07/2011 | Comentem

Nenhum comentário:

Postar um comentário